No quarto de Candy

"E ela disse, se tu queres ser livre abre os teus olhos..." - No quarto de Candy - Xutos & Pontapés, 1997

quarta-feira, julho 20

Valado dos Frades 17.07.05

A viagem até à Nazaré foi calminha, vagarosa e relaxante, que o destino não era assim tão longe e tinhamos tempo. Como de costume numa terra pequenina, foi fácil dar com o local. Mas uma placa mais afastada do recinto teria sido maior ajuda, já que à porta dele a indicação “festival” (com setinha e tudo) não fazia grande falta.

Após o reconhecimento do local cheguei à conclusão que, como recinto para festival, não tinha quase nada ou mesmo nada. Era um campo de futebol em terra batida com barracas que se contavam pelos dedos de uma mão. Tendas daquelas que vendem artigos para os bacanos do Marley, Bob Marley, e umas casinhas dispersas da super-bock. Jantar? Qual jantar? Para comer, só mesmo a carrinha do pão com chouriço. Como se não bastasse, as poucas barracas só abriram depois das 20h...

Pergunto-me o que faziam aquelas alminhas que ficaram 3 dias no dito festival. O acampamento era ao sol; a casa de banho nem porta tinha; e para comerem tinham que andar “quarteirões” a pé (a não ser que fossem como duas das poderosas que só comem gelados). Eu até acho que é giro haver por aí muitos festivais-de-verão, agora, as organizações devem entender que nesta época de crise quem vai a um grande festival já não vai a outros. Se as ofertas no recinto são escassas, pelo menos que o acampamento tenha as condições minimas suportáveis.

Ora, como naquela terra não havia mesmo nada que se fizesse e já tinhamos trabalhado um cadito com o Preto e o João Paulo, resolvemos ir até a Nazaré petiscar qualquer coisa. Sempre ouvi dizer que «onde há gente da terra é que se come melhor»; pois bem, lá seguimos o ditado e em boa-hora o fizémos. Que belo petisco! A salada de polvo e as ameijoas à Bulhão Pato estavam um... Festival!

Quando chegou a hora de voltar para o local do concerto, foi uma galhofa. Estava complicado de entrar! Primeiro eram os seguranças que estavam procupados com as t-shirts que vestiam: «É pá, vê-se bem os meus músculos ou não?»... Depois eram os mesmos seguranças que não sabiam a partir de que horas é que nos deviam deixar entrar... Depois era a rapariga à frente que não podia entrar com a máquina fotográfica... Não fosse o prazer do polvo e das ameijoas, e tanta bimbalhice tinha sido dificil de aturar.

O recinto estava completamente deserto e assim permaneceu por algum (muito) tempo. Estavam os Fonzie a começar de tocar quando se compôs um pouco mais. Mesmo assim, a própria banda assustou-se com o pouco público presente. Mas foram muito inteligentes. Ao darem uma actuação bastante boa, com muita garra, e sempre a comunicar com o público pouco interveniente. No tema final até escolheram uma rapariga da assistência para ir ao palco tocar e cantar com eles. Em playback e só para a fotografia, mas muito inteligente.

Quanto aos nossos Xutos, a actuação deles foi muito, muito boa. Surpreeendente, até. Já tinha aceitado que ia ser um concerto mais calmo, sem muitos pulos, uma vez que iam no quarto dia seguido sempre em viagem. Mas mais uma vez, os nossos meninos provaram que, apesar dos 26 anos de estrada, a energia continua toda lá! Mesmo depois de tantos kms, atrasos e noites mal dormidas. Até o Kalú ajudou na coreografia da Teimosia que teimosamente inventávamos nas grades. Por falar em grades... A primeira parte foi engraçada. Com um público jovem e calmo no amarelo das grades. Talvez por isso. Por serem jovens e não conherem os temas mais antigos. Porque na segunda parte o engraçado foi ver como aqueles que antes quase dormiam encostados às grades, começaram a delirar com os temas de há 3 ou 4 anos para cá.

Desta vez só tivemos uma mangueira ao centro (quem se questionava sobre o que fazia tal coisa ali agora já sabe o motivo...), mas o fogo foi e-s-p-e-c-t-a-c-u-l-a-r. Quem se esqueceu de tal momento fui eu, que apanhei um susto... daqueles. Bum!

5 Comments:

  • At 8:34 da tarde, julho 20, 2005, Anonymous Anónimo said…

    Olá Sandra.
    Passei por aqui só para dizer que o teu quarto está lindo. Tal como tu, respira a beleza que é contada nas histórias dos Xutos.
    Beijos.

     
  • At 6:51 da manhã, julho 21, 2005, Anonymous Anónimo said…

    fixe candy. parabéns :)

     
  • At 9:25 da manhã, julho 21, 2005, Blogger Leoa said…

    olá Sandra, eu também lá estive e vi te pelo ecrã :P .
    Realmente aquilo de recinto de festival não tinha nada, quando lá cheguei deviam estar 20 pessoas...
    Deve ter sido o 1º e o ultimo ano daquele festival...
    Quanto ao concerto dos Xutos foi muito bom, o alinhamento do 2º desejo está excelente. Também apanhei um susto na parte do fogo :P


    jinhos e até Cantanhede se fores

     
  • At 9:34 da manhã, julho 21, 2005, Anonymous Anónimo said…

    Muito bom. PARABÉNS!!!
    Continua e dá-nos mais noticias.
    PJM@IA
    http://maia2005.com.sapo.pt/

     
  • At 10:47 da manhã, julho 22, 2005, Blogger bilheteira said…

    Leoa, só me fazia lembrar o Festival de Maceirinha... Que até o acampanento era ao sol

     

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