No quarto de Candy

"E ela disse, se tu queres ser livre abre os teus olhos..." - No quarto de Candy - Xutos & Pontapés, 1997

quarta-feira, setembro 7

Corroios 26.08.05

O já famoso palco das Festas de Corroios estava apenas a quinze minutos de casa e, mesmo assim, não fossem as indicações da minha Porquitos, estava feita. Certo é que rotunda puxa rotunda e, quinze minutos passados, lá estava o altissimo estrado à vista. Apressei-me a atalhar caminho e não tardei a encontrar uma entrada. Mas o fácil tornou-se dificil quando deparei com um segurança que não me deixou entrar pela porta que ficava frente ao palco, obrigando-me a dar uma volta à feira. Enfim. Não percebi qual o fetiche do homem, mas diz o ditado: «a cada maluco a sua mania».

A chegada foi em festa, com a maioria dos andarilhos já no local e a bela da imperial há minha espera. E foi de fresquinha na mão, com a tarde amena e o pessoal contente, que houve tempo para assistir a um espectacular show que o Preto, o Kalú e o Cabeleira nos ofereceram. Uma espécie de jam em ritmo blues que muito prazer deu às gentes. Entretanto, eram quase dezanove, o Tim não chegava e o ensaio estava cada vez mais atrasado. De repente... foi impulse. Perante a ausência do engenheiro, o Nuno Preto arregaçou mangas no baixo e o Nuno Várzea atirou-se à voz. Foi um check sound muito divertido, muito diferente, muito curto. Por mim aquela “nova” formação podia ter tocado mais uns temas. Ficaram-se por duas músicas, mas acho que vale a pena ficarem atentos ao próximo atraso.

A hora da janta aproximava-se a passos largos e os andarilhos que faltavam iam aparecendo em passos curtos. A primeira a chegar foi a Joaninha (ainda vou fazer dela uma andarilha). Pouco depois, chegaram duas das poderosas... E como eram grandes as saudades da minha S! Foi bom matar saudades e pôr alguma conversa em dia. Tão bom que nem dei pelo tempo a passar e nem me incomodei com o cromo que não me deixava em paz. «Pertenço aos Rádio Macau», dizia ele. «Estás a interromper a conversa pá», pensava eu. Tá-se.

O tempo era de pré-concerto e com tanta ida à casa de banho e à barraca da imperial, não necessáriamente por esta ordem, lá se foi o lugar na grade. Confesso que na altura não me importei muito com isso. Era da forma que assistia ao concerto junto à régie na companhia da Sara, da Ana (há uns tempos que não via concertos com as poderosas) e da futura-nova-andarilha Joana...

À primeira banda, da qual nem sei o nome, não achei grande piada. O som nem era muito mau, mas o vocalista não tinha queda para aquilo, embora o palco fosse tão alto que tinha muito onde cair. Vale como a opinião de quem olhou desatenta para a perfomance da banda. Tal era a alegria.

Os Xutos, como sempre, foram mestres. Pouco comunicativos, é certo (até o discurso do Zé foi piriri), mas mestres. Parece que o Tim se enganou no “Conta-me Histórias”, mas se assim foi... olhem, passou-me ao lado! Estava naqueles dias em que tudo me passa ao lado. Quem me conhece, sabe como são.

O certo é que não aguentei muito tempo lá atrás. A ausência de um pedaço de grade à minha frente, fazia-me cócegas. Estava a curtir na mesma, mas é diferente (faltam os pulos, os andarilhos, a mangueira). A meio do concerto não aguentei! Disse à Joana:
«Bora lá para a frente? Nós somos pequenas e conseguimos chegar lá.»
Isso era o que ela queria ouvir! Dei-lhe a mão e lá fomos direitinhas à grade. Depois do “olá andarilhos” e do “xuuutos” em voz alta, até tivemos direito a um cordão humano para nos proteger do mosh. Obrigada rapazes. Continuam os bons samaritanos de sempre.

Fim de concerto, hora de conversa. Mais um bocado com este; mais um bocado com aquele; e no fim... um desejo. O de boa viagem a todos os que iam rumar ao Porto. Corroios foi assim. E... está mesmo ali ao lado!