Parabéns Gui
Na madrugada em que o nosso Carlos Guilherme festeja os anos, deixo aqui uma mensagem do aniversariante para todos os andarilhos.
Parabéns Gui :)
"E ela disse, se tu queres ser livre abre os teus olhos..." - No quarto de Candy - Xutos & Pontapés, 1997
Na madrugada em que o nosso Carlos Guilherme festeja os anos, deixo aqui uma mensagem do aniversariante para todos os andarilhos.
Parabéns Gui :)
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A viagem decorreu nas calmas, entre emigrantes, espanhóis e portunheses. Nada a declarar. Uma vez em Ansião, partimos em busca do parque-de-campismo mais próximo, que ficava numa terra estranhamente baptizada como Penela, mas a desilusão foi completa! Nunca vi parque tão pequeno em 20 anos de campismo! Estão a ver aquelas rotundas onde costumamos dar duas voltas? Pois o parque não era maior! Como já não havia tempo para procurar um local com melhores condições, montámos o Iglo em plena rotunda e aí fomos nós.
Ao chegar ao recinto do concerto foi bom rever caras de andarilhos que já tinham estado em Setúbal. Entre eles, adorei estar à conversa com a Rita, depois de tantos concertos em que a saudação entre nós se resumiu a um olhar... Em suma, uma tarde muito agradável entre andarilhos, roadies e músicos. Por falar em músicos, o João surpreende-me cada vez mais e fico muito feliz com a sua boa disposição. Check-sound arrumado com uma grande foto-reportagem que o Clube de Combate fez (e que a galeria acima ilustra) e lá fomos para a janta. Um hiato de tempo entre matrecos e shots que não custou nada, mesmo nada, a passar...
O concerto em si foi excelente, tirando as pitas estéricas atrás de nós, que não paravam de gritar e de tentar chegar às grades (para a próxima, se quiserem as grades cheguem mais cedo, dah). Fartei-me de pular e o banho de mangueira nunca me soube tão bem como neste concerto. Depois do shot por dentro, foi uma espécie de shot por fora. :)
Difícil, difícil, foi conseguirmos cantar os “Parabéns” ao João Cabeleira e reparar se ele dava conta. Desatámos a cantar quando a meia-noite chegou e ao fim de várias tentivas o Tim lá se sentiu abafado pela voz do Geração XP, interrompendo um mini-discurso para que pudéssemos celebrar a data. Sinceramente, continuei sem perceber se o João deu conta, mas - como isto de ser andarilho também é ser persistente - no final do concerto conseguimos cantar os “Parabéns” in loco e ao próprio. Até levou com um:
- «E pró João não vai nada, nada, nada?»
- «Tudooooo!»
O concerto acabou, mas a festa ainda estava a começar! Depois de um longo convívio com aqueles de que gostamos, resolvemos descansar no balneário (o suposto camarim lá da terra) onde “adquirimos” algumas recordações. Nem espelho ou cinzeiro se safaram.
A situação mais hilariante estava reservado para a saída do local, quando um feirante fã de Xutos (não, desta vez não fomos agredidos) quis comprar uma t-shirt à força toda. Ora, como já eram 4 da manhã, o Facal revelou-se com “olho pró negócio” e vendeu a t-shirt dele com ano e meio de uso por uns módicos... 20€ (mais oferta de quatro imperiais na compra de 4 pães)! Afinal, uma t-shirt com “experiência”, sempre deve ser mais cara, não é Facal?
Com tudo isto, já eram 7 da manhã quando tentámos ir dormir ao parque antes de rumarmos a Vinhais. Tentámos, disse bem, porque quando finalmente adormecemos, nem uma hora tinha passado e... começaram os foguetes. Bum, bum, bum! Que raio de ideia às 8.30 da manhã!
[clique na imagem para ouvir o tema com qualidade mp3]
A música que todos cantam e que alguns atribuem aos nossos Xutos & Pontapés, graças ao seu 7º single, é afinal uma adaptação do tema “Minha Casinha” cantada por Milú, em 1943, no filme “O Costa do Castelo” de Arthur Duarte. Localizada numa zona bairrista da velha colina do castelo de São Jorge, em Lisboa, a acção conduz-nos ao âmago da vida de uma família simples, que vive num lar pobre, mas confortável e acolhedor. A tal casinha.
Para quem ainda não teve a oportunidade de assistir a este pedaço de história do Cinema Português, aqui fica a trilha sonora original (para ouvir basta clicar na imagem acima) e a letra completa. Uma vez que estive afastada do Quarto de Candy uns dias, cantar as saudades que já tinha foi a melhor forma que encontrei para voltar.
Minha Casinha (versão original) - 1943
Que saudades eu já tinha
da minha alegre casinha
tão modesta como eu.
Como é bom, meu Deus, morar
assim num primeiro andar
a contar vindo do céu.
O meu quarto lembra um ninho
e o seu tecto é tão baixinho
que eu, ao ir para me deitar,
abro a porta em tom discreto,
digo sempre: «Senhor tecto,
por favor deixe-me entrar.»
Tudo podem ter os nobres
ou os ricos de algum dia,
mas quase sempre o lar dos pobres
tem mais alegria.
De manhã salto da cama
e ao som dos pregões de Alfama
trato de me levantar,
porque o sol, meu namorado,
rompe as frestas no telhado
e a sorrir vem-me acordar.
Corro então toda ladina
na casa pequenina,
bem dizendo, eu sou cristão,
“deitar cedo e cedo erguer
dá saude e faz crescer”
diz o povo e tem razão.
Tudo podem ter os nobres
ou os ricos de algum dia,
mas quase sempre o lar dos pobres
tem mais alegria.
Autores: Silva Tavares e António Melo